Saúde mental dos idosos: vamos falar sobre isso?

November 20, 2023

Entenda como a saúde mental pode ser afetada com o envelhecimento e como ouvir os efeitos emocionais nessa fase.

Qual é a primeira imagem que vem à sua cabeça quando pensa em envelhecimento? Para muitas pessoas, envelhecer pode ser sinônimo de maturidade e bem-estar. É uma fase da vida cheia de desafios em que os cuidados com o corpo e com a mente contribuem para a longevidade.

Contudo, a velhice não tem apenas uma cara: ao mesmo tempo em que há pessoas de 60 anos com aparência mais fragilizada, existem homens e mulheres de 90 anos muito bem-dispostos e isso nem sempre tem a ver com falta ou excesso de cuidados. O que não pode ser ignorado é do quanto o passar do tempo muitas vezes pode pesar na mente de quem envelhece.

Vamos conversar mais sobre essas nuances da melhor idade?

Como a saúde mental dos idosos pode ser afetada

Dados revelam que a expectativa de vida vem aumentando, mas é preciso olhar para além de “quantos anos as pessoas vivem” e também para “o quão saudáveis elas estão”.

Na velhice, alguns sintomas físicos podem trazer incômodos, como a diminuição da visão, a perda ou aumento de peso e assim por diante. Por mais que seja um processo natural, vivenciar essas mudanças no corpo pode ser difícil para algumas pessoas, e assim a saúde mental é afetada.

Os aspectos emocionais podem ser abalados antes mesmo de a pessoa chegar aos 60 anos, na chamada “crise de meia idade”, que costuma acontecer por volta dos 40 anos. Ou seja, além do aparecimento de limitações físicas, o indivíduo ainda passa por uma série de modificações em âmbitos pessoais e profissionais que podem causar desconforto.

Essas transformações, que na maioria das vezes são caracterizadas por perdas – seja de mobilidade, da companhia dos filhos, ou viuvez, por exemplo – são situações complexas de serem enfrentadas. As perdas se acumulam e uma adaptação constante é necessária. Por isso, podem surgir casos de ansiedade, angústia, medo e tristeza intensa.

Ainda há os idosos que recorrem ao isolamento, por vergonha ou pela negação de que precisam de ajuda para realizar certas atividades. Vivemos uma cultura da juventude, onde ser jovem significa ter vitalidade, e ser idoso pode ser percebido de forma contrária. Esse tipo de olhar estereotipado afeta a autoestima dos mais velhos, podendo levá-los a questões emocionais graves.

O processo de envelhecer com qualidade de vida também é chamado de envelhecimento ativo. Isso significa a criação de oportunidades contínuas de saúde, participação e segurança para os idosos. O termo envelhecimento ativo foi adotado pela Organização Mundial da Saúde para representar um desejo comum de que a velhice seja uma experiência positiva. Mas para isso é necessário o comprometimento de pessoas e de instituições públicas e privadas.

“A palavra ‘ativo’ refere-se à participação contínua nas questões sociais, econômicas, culturais, espirituais e civis, e não somente à capacidade de estar fisicamente ativo ou de fazer parte da força de trabalho”, diz o documento da política de saúde do governo brasileiro.

Nesse sentido, a interdependência e solidariedade entre gerações é indispensável para o envelhecimento ativo. Afinal, o adulto de hoje é o idoso de amanhã e é preciso construir uma via de mão dupla, onde pessoas de todas as idades se cuidem mutuamente.

 

Entendendo a saúde mental na terceira idade

Mas, afinal, como cuidar da saúde mental para quando a terceira idade chegar? E como ajudar pais e avós que estão nessa fase?

O mais importante é compreender que esse é um trabalho delicado que exige comunicação constante entre pais e filhos, para que, juntos, alcancem o equilíbrio entre amparo e autonomia. O diálogo e a escuta são essenciais para que cada um expresse suas vontades e necessidades.

É preciso ter cautela com a superproteção e, ao mesmo tempo, estar atento aos momentos em que o idoso precisa da presença de alguém da família por perto.

Para que se tenha um envelhecimento saudável, bons hábitos devem ser cultivados, como alimentação adequada, atividades físicas regulares e sono de qualidade. Outras práticas importantes são as interações sociais e o estabelecimento de metas, como marcar uma viagem com a família, por exemplo.

O convívio social faz toda a diferença no envelhecimento. Estimule as interações em grupo (seja para jogos de cartas, dança, para atividades físicas ou para aqueles que ainda trabalham) e com a família, se reunindo sempre que possível. Isso ajuda na comunicação, melhora o humor e estabelece ligações afetivas.

Outra dica é evitar estereótipos e não se referir aos idosos com termos pejorativos como “ranzinza”, “teimoso” e “gagá”. Há uma diversidade muito grande no envelhecimento, com idosos conectados às redes sociais, que namoram, saem com amigos, enquanto outros seguem uma rotina mais tranquila. O importante é que os vínculos familiares se fortaleçam, que cada um respeite suas individualidades e estejam abertos às adaptações do processo de envelhecer.

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